Centro Cultural Casa Lacerda | Lapa | PR
CONCURSO CENTRO CULTURAL CASA LACERDA
Autores: Franthesco Spautz, Rodrigo Marques.
Uso: Cultural.
Localização: Lapa - PR.
A proposta se baseia em três volumes principais e a forma como eles se relacionam entre si e com a Casa Lacerda, imóvel tombado e inserido de interesse histórico e cultural. A interação entre os volumes surge com o objetivo principal de conformar uma praça adjacente à tijoleira do pátio da Casa Lacerda, ampliando a qualidade de uso dos espaços externos do museu.
Paralelo à ponta do extremo noroeste da edificação, um plano vertical percorre o limite norte do terreno no sentido oeste-leste. Esse corredor nasce do calçamento de pedras ali existente e gera a conexão entre o terreno da Casa Lacerda e o anexo do museu através de uma rampa que vence os 40cm de desnível. A visual desse corredor é uma referência à Gruta do Monge, importante marco para a história, a cultura, a religião e o turismo lapeano.
O projeto reserva grande espaço aberto ao nível da tijoleira e com vistas para a Casa Lacerda (razão pela qual a parede em ângulo foi adotada, culminando na planta triangular). Na praça, um Volume de Apoio traz vitalidade com a loja e o café. O formato triangular do Volume de Exposições permite que a Praça se volte à tijoleira sem que os espaços internos percam a visual da Casa. A praça é o palco das interações, dos acontecimentos, dos usos públicos do anexo.
Os volumes baixos permitem a viSualização do morro para quem estiver na Sala do Relógio. A solução em dois volumes no piso superior tem, também, sentido simbólico. O trecho que se forma entre o Volume de Exposições e o Volume de Apoio reserva uma fenda com vista permanente ao morro a partir das roseiras. Um ato de respeito a D. Maria Tereza Lacerda, cujas cinzas encontram-se no local.
O projeto se baseia em uma estrutura mista de paredes de concreto ciclópico autoportantes, pilares e laje em concreto armado convencional. O pé-direito da Varanda é reduzido, conferindo um ar intimista, mas também permitindo que acima da laje possa existir uma platibanda escondendo reservatórios (tampados com um elemento com chapa metálica dobrada e placa cimentícia) e parte dos aparelhos condensadores de ar condicionado. Sobre as lajes de cobertura das áreas fechadas, um sistema de telhado verde alveolar leve sobre laje em nível zero e lâmina d’água permanente (com ralos 5 centímetros acima da laje) propiciam maior conforto térmico e redução dos gastos com energia. A Praça é pavimentada com piso elevado em placas de concreto drenante com dupla função: permitir que as áreas externas estejam no mesmo nível das áreas internas e também gerar uma bacia de retenção (ou detenção) de água pluvial sob a praça nos dias de maior índice pluviométrico. A água coletada nesse ponto – assim como a água excedente do telhado verde – é captada numa cisterna acessada pelo depósito da Sala Multiuso, a qual pode ser reaproveitada para limpeza e para manutenção dos jardins. Solução em blocos vazados de concreto (concregrama, pisograma etc) permite maior permeabilidade do terreno nos trechos de cota mais baixa. Um trecho em concreto junto ao acesso fornece a acessibilidade entre a calçada e a Recepção, como alternativa à circulação sobre o concregrama. Paredes móveis se acumulam dentro do depósito da Sala Multiuso, permitindo maior versatilidade do espaço. Fendas estratégicas nas paredes de concreto no perímetro da Varanda escondem planos de vidro que permitem que o espaço possa ser fechado em dias frios e chuvosos. Junto ao fogão à lenha, um desses planos de vidro temperado laminado permanece fixo protegendo o metal do fogão das intempéries. Devido aos espaços de tamanho reduzido do programa, portas de correr otimizam o aproveitamento da área sem prejudicar a acessibilidade, atendendo a NBR-9050. A iluminação é estrategicamente distribuída através de reentrâncias no concreto. Um plano opaco na fachada oeste do café protege o espaço interno da insolação e gera um mural para projeção de imagens e filmes.