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Casa na Montanha          |          Morro da Igreja - Urubici            |                  SC

CASA DA MONTANHA

Estudo preliminar para a Casa da Montanha - Morro da Igreja - Urubici - SC

A paisagem do Morro da Igreja está em constante mudança: em frações de minutos tudo se transforma; do sol para neblina, da visão plena das diversas camadas montanhosas para um fundo nebuloso e denso, com espectro totalmente limitado aos tons do cinza ao branco. O frio é constante (um dos lugares mais frios do Brasi)l.
O Morro é composto por rochas, esculpidas naturalmente, sem alinhamentos ou desenhos rígidos.
A Casa da Montanha, assim como o Morro, é composta por fragmentos, com diferentes formatos e angulações. O projeto contempla a Casa Principal, Galpão Cervejaria, Escritório, Sala de Música e Casa de Hóspedes.
As edificações estão voltadas para a paisagem, não há necessidade de um acesso monumental, tão pouco de demonstrar imponência; seria um equivoco qualquer edificação concorrer com a paisagem.
A 'chegada', no primeiro momento, é tímida; se configura como uma fenda entre duas rochas; uma analogia às escarpas da região e à Serra do Corvo Branco, onde se passa entre os paredões de rochas para vislumbrar a indescritível paisagem.
A Cervejaria e a Casa possuem uma angulação que forma uma espécie de cone visual enquadrando, dessa forma, a paisagem.
O Galpão Cervejaria, em seu caráter arquitetônico, faz jus à sua denominação: é amplo, de pé direito alto, possuindo iluminação zenital, na qual adentra o pôr do sol, trazendo, nos fins de tarde ensolarados, uma temperatura de cor quente (do sol ao oeste), contrastando com o azul das longínquas montanhas que se esmaecem na visão ao norte. Nesse espaço são produzidas as massas, cervejas, kombuchas (processos de transformação lentos). A materialidade dessa edificação vai mudando: o revestimento metálico envelhece oxidando, e se transforma com a ação do tempo.
A Casa principal para trazer a sensação de calor, o toque agradável, e todo o aconchego é composta pela madeira. Ao caminhar, o piso (de madeira) possui um som especifico; este será eternamente lembrado: sempre que se estiver longe de casa, ao ouvir o som da madeira, por alguns instantes, o aconchego do lar se fará presente no inconsciente.
Formalmente há uma divisão entre áreas molhadas/serviço, e áreas de estar e descanso. Para as áreas molhadas, foi utilizado o concreto, o mesmo carrega em sua textura o desenho das formas em madeira, ripas de diferentes tamanhos, diferentes veios.
Para o exterior, nas áreas de descanso e estar, é utilizada a madeira carbonizada, que possui, como proteção principal contra às intempéries, o carvão dela mesma; um processo natural, mutável que se transformou. O interior é composto por painéis laminados, claros, garantindo amplitude e boa iluminação. O estar e todos os quartos estão voltados para o norte, de onde é possível vislumbrar a espetacular paisagem.
Na sala, o sol permeia um brise: essa luz e sombra se movimentam com o passar do tempo, do nascer ao pôr do sol.
Os quartos são locais de descanso, com muita simplicidade, materiais naturais e à vista, para que todos os dias, ao acordar, seja possível ter de imediato a visão do exterior.
O Escritório e Sala de Música estão em um declive, junto às copas das árvores; um espaço de introspecção, uma caixa suspensa no ar. O acesso é feito por uma passarela, como um portal que leva para esse espaço de infinitos sons.

A casa de hóspedes, pequena e funcional, está voltada para a vista do morrinho; a varanda funciona como um mirante com acesso direto pela área externa.
A casa e sua relação com o local, as sensações advindas dessa composição, o cheiro, a névoa, o calor do fogo, o frio da neve, o barulho da natureza e tantos outros que são descobertos à cada dia, aguçam toda a capacidade humana de percepção sensorial e, desta forma, gradativamente, gera o sentimento de pertencimento.

Autor: Franthesco Spautz 

Uso: Residencial.
 

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