Casa da Montanha: tempo e natureza
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  • Foto do escritorFS Arquitetura

Casa da Montanha: tempo e natureza






Transformação é a essência deste projeto. Localizada na Cidade de Urubici, região serrana e das menores temperaturas de Santa Catarina, a Casa da Montanha está envolvida por uma paisagem mutante, em poucos minutos tudo se transforma: o sol abre espaço para neblina e a visão nítida das diversas camadas montanhosas dá espaço para uma cobertura nebulosa e densa que, em tons de cinza e branco, limita os olhares para o horizonte.



O gosto dos clientes aos processos naturais de fermentação, a produção caseira de cerveja e pão, cria uma esfera de compreensão com a mudança, com o processo e com o tempo natural das coisas. Como desejo e identificação, essa característica, que também aparece na paisagem ao redor, é materializada na Casa da Montanha por meio das soluções utilizadas nos elementos visuais, nas transparências e texturas que se intercalam, no jogo de luz e sombra formado pelo movimento do sol e, principalmente, na escolha dos materiais, que também têm em sua essência o tempo, a transformação e a naturalidade dos elementos.


A relação do projeto com o local é contínua, como forma de buscar uma integração e conexão harmônica entre a história e o presente. O cheiro das araucárias e toda a vegetação serrana em volta, a névoa, o calor do fogo, o frio da neve, o som da natureza e muitas outras sensações são vividas e sentidas no território onde a Casa da Montanha se consolida. Essa variedade de estímulos sensíveis são um convite à exploração da percepção sensorial, uma forma de instigar e convidar a compor com o lugar.



Organização no terreno


A natureza, protagonista do território, é apropriada e valorizada pela Casa da Montanha em sua forma, na disposição dos elementos no terreno e na escolha dos materiais. Adicionado a isso, as discretas fachadas voltadas para a paisagem e a horizontalidade das edificações propõem um a integração harmoniosa com o entorno.


O projeto de edificações contempla a Casa Principal, Galpão/Cervejaria, Cinema, Casa de Hóspedes, Sala de Música/Escritório e Estufa de Plantio. Assim como as diversas rochas esculpidas naturalmente, dispostas no morro sem alinhamentos ou desenhos rígidos, esses elementos arquitetônicos pairam suavemente no terreno de forma orgânica e fluida, valorizando a natureza e interferindo minimamente no solo e no território.


Acessos


O acesso de pedestres à Casa Principal, ao Galpão/Cervejaria e ao Cinema se configura como uma fenda entre duas rochas - analogia à Serra do Corvo Branco. O caminho angular entre a Casa Principal, o Galpão/Cervejaria e o Cinema conduz até a entrada principal dessas edificações em forma de fenda, a qual, após sua passagem, se abre e cria um cone visual que apresenta e emoldura a imensa beleza dos mares de morros da serra catarinense.


Além disso, a entrada da Casa Principal, do Galpão/Cervejaria e do Cinema funciona como um espaço de transição entre interior e exterior, e que conecta esses diferentes elementos independentes.

diagrama

Casa Principal


A Casa Principal é dividida entre áreas de estar e de descanso e áreas molhadas e de serviço. Nas primeiras, a madeira é o elemento fundamental de sua composição, a qual estimula os sentidos, com seu cheiro, toque e texturas, e as sensações, como o aconchego e o calor.


No interior dos ambientes de estar e descanso os painéis de madeira laminada com ranhuras aparentes proporcionam espaços que garantem amplitude e boa iluminação. Ainda, o piso de madeira, ao se caminhar pela da casa, produz uma sonoridade específica que poderá se fazer presente na memória afetiva dos moradores, relembrando o aconchego do lar ao ouvir o mesmo som em outro local.



Na sala de estar, o tempo é quem conduz as ambiências criadas no local. Por entre as frestas do brise na fachada, a luz do sol adentra o interior da sala gerando sombras e contornos que se movimentam do nascer ao pôr do sol e nas diferentes estações do ano - o brise e a cobertura da varanda filtram os raios solares com angulação elevada no verão e permitem sua passagem em abundância durante o inverno.



Os quartos são locais de descanso com simplicidade e sofisticação, características evidenciadas pelos materiais naturais utilizados em sua constituição e pela vista para a paisagem que cria uma conexão imediata com o exterior. Esses espaços de descanso, assim como a área de estar, estão voltados para o norte, por onde é possível vislumbrar a espetacular paisagem natural.



Para o exterior das áreas de estar e descanso a madeira carbonizada reveste a edificação. Além de seu aspecto estético interessante, esse material resiste muito bem às agressões naturais, intempéries e insetos, por meio da transformação de propriedades da madeira após o processo de carbonização de sua superfície.



Nas áreas molhadas e de serviço foi utilizado o concreto no revestimento interior e exterior da edificação. Dentro do conceito de evidenciar os processos e a naturalidade, a verdade, dos elementos que constituem a Casa da Montanha, as texturas e desenhos das ripas e das formas de madeira com diferentes tamanhos e traços são destacadas propositalmente, como um mapa que exibe os diversos caminhos até um ponto final.


Galpão/Cervejaria


O Galpão/Cervejaria abriga o local onde serão produzidas cervejas, kombuchas e pães de fermentação natural, processos lentos e de transformação, assim como a mudança e envelhecimento da materialidade arquitetônica: o revestimento metálico em aço corten oxida, com o tempo troca de aspecto e se integra ao local.



A edificação é ampla, possui pé direito alto e iluminação zenital por onde adentra a luz e o calor do sol nos finais de tarde.



Cinema


O Cinema é um elemento individual e desconectado formalmente da Casa Principal e do Galpão/Cervejaria, de forma que seu acesso se dá por um corredor-experiência que traz o conceito dos tradicionais corredores de cinema, propondo a ideia de sair do volume da Casa Principal para “ir ao cinema” assistir um filme .


Casa de Hóspedes


A Casa de Hóspedes é pequena e funcional. Ela está voltada para a vista mais bonita do terreno, dessa forma sua varanda também funciona como um mirante.



Seu interior relembra as áreas de estar e descanso da Casa Principal, colocando a madeira e seu aspecto natural em evidência. O aspecto simbólico e sensível é também explorado pela iluminação, que adentra a edificação com delicadeza e cria jogos de luz e sombra conforme as horas do dia.



Sala de Música/Escritório


A Sala de Música/Escritório é um espaço de introspecção, uma caixa suspensa no ar e que está na altura das copas das árvores, possível pela sua localização em um grande declive do terreno, deixando-a em meio à natureza e ao silêncio. O acesso a essa edificação é feito por uma passarela, como um portal que leva para esse espaço de infinitos sons.



Estufa


Na Estufa, a natureza, que é dotada de ciclos e velocidade própria - plantio, germinação e colheita -, é evidenciada e cultivada. Além de ser um espaço de cuidado com a terra e alimentos naturais, nesse local também há um espaço de estar que convida a criação de memórias entre a paisagem.



Imagens técnicas




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